Uma grande cagada
que nós fizemos, enquanto espécie, foi ‘restringir o uso da criatividade’ a determinadas profissões. Criamos um status quo quadrado que faz todo mundo acreditar que só quem é designer, publicitário, cineasta e estilista precisa ser criativo pra trabalhar.
Resultado: um bando de cabeça oca fazendo mesmice em todos os lugares com medo de ser substituído pela inteligência artificial.
Tem mais é que ser substituído mesmo! Se você trabalha como um robô, será trocado por um robô. Lei universal do século XXI.
Sim, tanso, hoje vamos revelar o segredo de como ser criativo em qualquer profissão!
No início deste ano
eu fui convidado a conduzir a Oficina de Ideação da Link School of Business, para ajudar os alunos que querem empreender mas não sabem exatamente com o quê. Chamei meu amigo Thomas Freier, o Tomito, para embarcar nessa jornada comigo e a primeira coisa que fizemos foi perguntar aos alunos qual era o sonho de infância deles.
Apareceu de tudo: astronauta, piloto de Fórmula 1, de caça, Michael Jackson, atriz, mãe e por aí vai.
Montamos, então, uma jornada que acessava questões relacionadas a autoconhecimento, oportunidades de mercado e construção de hipóteses. Show de bola, né? Estávamos oferecendo a estes alunos exatamente o que acreditamos que deve pautar a construção de um novo negócio.
No entanto, a avaliação da oficina estava bem abaixo do esperado. Semana após semana víamos o NPS oscilar entre 30 e 60, o que não nos satisfazia em nenhum quesito.
Eis que num debate entre Tomito e eu, enquanto planejávamos o próximo encontro, uma discussão ganhou calor ao falar sobre o papel do aluno no processo. Embora estivéssemos oferecendo materiais e atividades riquíssimos para o propósito da oficina, nada de concreto aconteceria se eles não assumissem o protagonismo para desenvolver o próprio projeto — e aí entra aquela discussão sobre responsabilidades na educação.
Num dado momento, avaliando tudo que estávamos fazendo, chega a conclusão de que realmente a jornada estava completa, mas dependia de uma ação mais direta dos alunos para dar certo, afinal de contas não há milagre para fazer o trabalho por eles. “Não há milagre…". Foi a faísca!
Cruzando este lamento com uma referência que havíamos lido alguns meses antes — um material da Perestroika maravilhoso, explicando o método de construção de curso deles, que nos foi sugerido pelo Pedro Saraiva, também colaborador da Link —, decidimos criar uma experiência capaz de passar a mensagem do “não há milagre” em sala de aula.
A partir daí, desenvolvemos um personagem que teria poderes milagrosos e surgiria na sala para resolver o problema dos alunos de forma imediata, o São Thomé! Ele convidaria alguns voluntários para usufruir de seus poderes e, a partir de então, a oficina estaria resolvida, já que todos teriam suas ideias de negócios perfeitos!
Acontece que o milagre do São Thomé sai furado lá na hora H e isso reforça a nossa tese do “não há milagre”, fazendo com que os alunos entendam, de forma lúdica, que a responsa está nas mãos deles mesmo! Não tem pra onde correr.
Resultado da intervenção: NPS foi pra 100! 100! Nem 80, nem 90. Cem. E nós tivemos uma evidência concreta sobre o valor da criatividade na educação. Veja a intervenção completa aqui 👇🏻.
Ah Victor, me fez ler até agora para falar que eu vou precisar ir vestido de santo pro trabalho se não quiser ser substituído pela I.A.?
Não, seu tanso! A moral da história aqui é o uso da criatividade para solucionar um problema comum em uma área comum. Mas indo muito além disso, eu quero explorar a fonte da criatividade!
[aquele momento clímax em que o cara fala o nome do filme no meio do filme e todo mundo pensa ‘aahhhhnnn pode crer’.]
A fonte da criatividade, neste caso, é o ambiente. Não sou eu, não é o Tomito, nem o Pedro. É a soma de nós todos, inseridos numa organização que dá abertura para esse tipo de interação.
O Pedro nos deu a referência lá atrás. Eu tive a ideia para implementar. Tomito a comprou sem pestanejar e executou com o coração. Trabalho em equipe perfeito. Mas e a liderança da empresa? O que achou disso?
No dia em que executamos a atividade, convidamos a gestora da área, a Monica, para participar da oficina e ela não só foi — sem nem saber o que ia acontecer por lá —, como fez um exercício de improviso na frente da turma toda!
Essa participação dela endossa o espírito criativo dos colaboradores. Ou seja, está institucionalizado o uso de ferramentas criativas para trabalhar. Ninguém sente medo em propor algo fora do comum. O terreno é fértil. E isso nos leva à nossa conclusão de ouro:
“Ambientes inovadores são a fonte da criatividade, não os indivíduos!”
E “a diferença entre o comum e o extraordinário está no que emerge das interações entre os indivíduos”! Ambas as frases são do autor Clemente Nóbrega, extraídas do livro A intrigante ciência das ideias que dão certo, e me foram apresentadas por um grande amigo chamado Gerson Ferreira.
Portanto, tanso, se você anda se sentindo quadrado, sem criatividade, com medo do que o Chat GPT pode fazer com a sua carreira, talvez o problema esteja nos ambientes que você frequenta e nas interações que ali acontecem com as outras pessoas.
Nossa Victor, isso faz muito sentido! E como eu encontro ambientes inovadores para fazer fluir a minha criatividade?
Olha, essa pergunta é ampla e pode ser respondida de várias formas. Vou me ater apenas à resposta que está sob meu controle: junte-se à nossa comunidade criativa e participe do primeiro evento que faremos no dia 15/04, aqui em Floripa: o Tanso Day!
Teremos ali o ambiente, as pessoas e as dinâmicas propícias para fazer diferente, como a fofoca construtiva, que explicamos essa semana no instagram.
Isso muda o jogo da sua carreira e da sua vida!
Para fechar, deixo aqui uma frase de Cacá Rhenius, facilitadora incrível, que ressoou forte na comunidade esses dias:
“sinto falta de lugares pra fazer amigos, nem todo café precisa ser um negócio”.
Que façamos amizades criativas, galera!
Sempre um prazer estar aqui com vocês.
Um forte abraço,
Victor Sanacato